Perfect Little Dream

My dreams they keep a hold of me My guide when I can't see

sexta-feira, março 23, 2007

 

Já ando a contar os dias...

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quarta-feira, março 21, 2007

 

Dia Mundial da Poesia # 3



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Dia Mundial da Poesia # 2





TU ESTÁS AQUI
Estás aqui comigo à sombra do sol
escrevo e oiço certos ruídos domésticos
e a luz chega-me humildemente pela janela
e dói-me um braço e sei que sou o pior aspecto do que sou
Estás aqui comigo e sou sumamente quotidiano
e tudo o que faço ou sinto como que me veste de um pijama
que uso para ser também isto este bicho
de hábitos manias segredos defeitos quase todos desfeitos
quando depois lá fora na vida profissional ou social só sou um nome e sabem o que sei
o que faço ou então sou eu que julgo que o sabem
e sou amável selecciono cuidadosamente os gestos e escolho as palavras
e sei que afinal posso ser isso talvez porque aqui sentado dentro de casa sou outra
coisa
esta coisa que escreve e tem uma nódoa na camisa e só tem de exterior
a manifestação desta dor neste braço que afecta tudo o que faço
bem entendido o que faço com este braço
Estás aqui comigo e à volta são as paredes
e posso passar de sala para sala a pensar noutra coisa
e dizer aqui é a sala de estar aqui é o quarto aqui é a casa de banho
e no fundo escolher cada uma das divisões segundo o que tenho a fazer
Estás aqui comigo e sei que só sou este corpo castigado
passado nas pernas de sala em sala. Sou só estas salas estas paredes
esta profunda vergonha de o ser e não ser apenas a outra coisa
essa coisa que sou na estrada onde não estou à sombra do sol
Estás aqui e sinto-me absolutamente indefeso
diante dos dias. Que ninguém conheça este meu nome
este meu verdadeiro nome depois talvez encoberto noutro
nome embora no mesmo nome este nome
de terra de dor de paredes este nome doméstico
Afinal fui isto nada mais do que isto
as outras coisas que fiz fi-Ias para não ser isto ou dissimular isto
a que somente não chamo merda porque ao nascer me deram outro nome que não merda
e em princípio o nome de cada coisa serve para distinguir uma coisa das outras coisas
Estás aqui comigo e tenho pena acredita de ser só isto
pena até mesmo de dizer que sou só isto como se fosse também outra coisa
uma coisa para além disto que não isto
Estás aqui comigo deixa-te estar aqui comigo
é das tuas mãos que saem alguns destes ruídos domésticos
mas até nos teus gestos domésticos tu és mais que os teus gestos domésticos
tu és em cada gesto todos os teus gestos
e neste momento eu sei eu sinto ao certo o que significam certas palavras como a
palavra paz
Deixa-te estar aqui perdoa que o tempo te fique na face na forma de rugas
perdoa pagares tão alto preço por estar aqui
perdoa eu revelar que há muito pagas tão alto preço por estar aqui
prossegue nos gestos não pares procura permanecer sempre presente
deixa docemente desvanecerem-se um por um os dias
e eu saber que aqui estás de maneira a poder dizer
sou isto é certo mas sei que tu estás aqui


Ruy Belo

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Dia da Poesia # 1





Uma Voz na Pedra


Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.


António Ramos Rosa

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terça-feira, março 20, 2007

 

"A Vida Aventurosa"...de todos nós



Será verdade que a vida humana ascendeu de um pântano? Passada uma eternidade, terão as amebas,fartas do logo e da imundice,ansiado por um fôlego suculento acima do ar fétido,terão desejado uma nova moradia?Pergunto-me se terá sido assim.Será que a vida entre os feios,porcos e maus se mostrou demasiado árdua para certas almas sensíveis,cuja atracção por um universo esotérico as terá incitado a embarcar numa viagem terrestre através do tempo?Terá sito um passo de fé em busca,digamos do paraíso?Ou,medindo o assunto de acordo com uma outra escala,será que toda a actividade humana é fundamentalmente uma disputa de imobiliario?Deveremos presumir que o verdadeiro significado da vida é aquele que implusiona quem sobe na mesma?Poderá alguma missão ser mais significativa do que a disputa pelo poder,pela fama,pelos bens materiais,no minimo pela oportunidade de aparecer numa fotografia? A questão que levanto é a seguinte:poderemos aceitar sinceramente que a vida humana ascendeu do pântano?
A minha ascendeu.O que mais poderei dizer,com certeza,acerca das origens da minha espécie? Emergi de um pântano.Na maior parte dos dias,deixo a minha história ficar por aí.

A Vida Aventurosa de Sparrow Drinkwater
, Trevor Fergunson

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